queria fazer borboletas
e borboletas voarem
dando piruetas
queria inventar formas
e pôr em flores
queria não ter de pintar
eu que pinto mal
se quizesse explicar
nuvens em inusitadas cores
queria eu tudo que penso
idealizo, esquematizo
se tornasse real
além de mim mesmo
que eu crio
e não vale
será que vale
só de estar feito aqui?
dentro
não sei de quê
como o milagre
sem consciência
sem urgência e aleatório
se fez não só palpável
mas tão adimirável
e nós - inventores
de engrenagens e milhagens
de deuses
cuja imagem nos espelha
em nossa cidade
somos impotentes
diante de nossos próprios sonhos
como se fosse
necessidade vital
da esperança
não se poder alcançá-la
como nossos deuses
como nós mesmos
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