26.5.09

Graça II

- é preciso coragem

Graça que quando andava na rua ao ouvir conversas alheias tinha que fazer um esforço enorme para não rir. Seria deixar escapar que tomara para si as dores que os conversadores egoístas guardavam para si. Pois eram interlocutores humanos mundanos a conversarem, acima de tudo e sem terem consciência, com o próprio deus.
Oh! Graça era como o som proferido cujo significado vinha antes da interpretação da palavra como código letrado, o espasmo! Graça seria compreendia por uma civilização que por haver sumido a tanto tempo deixara rastros escassos que faltariam milênios até ser descoberta, e novamente esquecida. Assim era Graça! Imemorável de outra forma que não seja através da nitidez arqueológica da sabedoria popular, impessoal e dramatizada por atores fantoches num palco subconsciente coletivo paradigmático mas honesto de uma forma que apenas se reconhece a verdade e basta. Reconhecer-se é absoluto, como última tentativa da natureza de adestrar uma raça cuja evolução está em patamar artificial, diante da irresistível possibilidade de criar a si próprio, egoístas de papo furado, metodistas ateus e batistas escandalosos e a salvação misericordiosamente sócio-econômica.
Graça, no meio disso tudo, no mínimo perdida, perdida por saber demais, ela que não sabia de nada, mas achava que sim. A sorte de Graça era saber que muito do que deve-se saber é uma pista pra um saber maior adivinhado, e isso a salvava. Mas não pelo motivo que deveria ser salva. Era salva por sorte! Por que a princípio, saber que a verdade está no escuro não quer dizer que não se pode vê-la, mas Graça achava que não, Graça pensava que a verdade não deveria ser vista, e ela não entrava no escuro. E sem saber que poderia acender a luz, Graça viveria a vida engraçada.

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