17.6.09

Maria IX

Maria relembrava o passado, pretendia o futuro reciclado, que medo... A liberdade promissora, as possibilidades opressoras exclusivas entre si... que era aquilo: um sentimento conhecido que sentia como a um medo... que medo... Maria queria ser... Maria, que medo de tanto o que querer... o ciclo, ah, Maria poderia escolher ter certeza do ciclo...o passado... poxa Maria, quanto zelo por si, quanta vontade, humildade, Maria era linda, não poderia a nada dar as costas... por que Maria? que medo... deixar de ser... poderia ser uma escolha, será... Ah Maria, o problema é que é ela mesma a Maria, e então...
Maria sentia-se como uma aberração da natureza cotidiana. Por que fora ser logo ela? ela que se perdia na verdade intrincada tentando viver dia a dia com o próprio comprometimento com a verdade. Sabia que seria tão mais fácil, mas não podia, Maria já sabia demais. Ela mesma, desde que nascera, buscara demais a verdade, sentia-se como sem escolha pois no começo não sabia. Maria se metera demais com a própria existência. Percorria a vida como a um passeio e não sabia o que olhar não podia parar tinha tanto para não poder esquecer demais e fora suficiente e mais e mais.
Maria, no caminho, visitaria a praça. Maria visitaria a praça e coberta de árvores faria o percurso. Ela iria como que perdida, olhando para os lados e as vezes vigiando se não era seguida. Olhou para cima e o flamboyam das milhares de folhinhas verdes contra o sol num mosaico expressionista que doíam-lhe os olhos da luz e da beleza. Maria respirava do mesmo ar. Não parava de andar em nenhum momento, atravessava o mundo com uma marca quase invisível e inodora, seria lembrada devido a raiva que ela mesma causara nos outros, seria lembrada nos fins de semana pelo outro lado da família, seria lembrada por pessoas velhas que gostariam de vê-la derrotada pelo dia seguinte. Como Maria era ingênua! Tinha a vontadade como por devoção. Acreditava na solidão porque não tinha ainda pensado na sustentabilidade prática do isolamento social, pior, Maria havia confundido as proporções quanto a aproximação com o mundo metafísico e achava que a unidade do universo seria ultimato contra o contato sórdido com o solo cru. A umidade quando vista cheirava a mofo.

Marcadores:

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home