29.12.05

nicotina



Quando eu quero
e sempre quero
o doce arpejo
da fumaça
no ar
e em mim
no molejo
da vaidade
selfespectada
que nenhum entorpecente
preenche

Sempre quero
e nunca canso
tragar é beijo
que à força
no ar
foge de mim
num lampejo
de sanidade
desrespeitada
quem igual agente
entede

Nunca canso
e sempre alcanço
mais um trago
que disfarça no ar
eu mesmo
no cortejo
do ato coverde
de se aventurar
dois maços à frente
simplesmente

Sempre alcanço
e nunca danço
dum outro jeito
que me faça
no ar
e a sós mesmo
o cacarejo
diz a verdade
de botar
um ovo quente
diferente

Nunca penso
e sempre faço
mais um afago
que esfumaça
no ar
quem mesmo
num bocejo
da vaidade
de filmar
o quente
dagente

.

acho que é mais sincero, esse aspecto


Destraí Deus
Mais uma noite à vista,
capitão
ansia de a noite
fecha os olhos
num grito por um sonho
a ser lembrado
novocaína
apreensível
sonho
paz
e nada mais
sem modéstia
de um dia a mais
matalotagem
em masturbações de carinho
para a jornada
em vida híbrida
e cívia
meliante e melíflua
aqui embaixo
sobre a cama
no sonho com a noite
nascendo prematura

25.12.05


achei um segredo
que precisava dizer
te amo
a mim
ao mundo
ah!
e agora
mundo
não me escapa
é de um mimo
que ladra
em ritmo
que narra
um nada
desencontrada
em gênero
e em tara

23.12.05

20.12.05

Maria III


"Do pé que brotou Maria
nem margarida nasceu"

Ah! dona Maria
Maria não me escapa
Saiba, Maria, que rimas não precisam dar-se por acontecimentos
Rimas podem ser só o cimento para erguer o quê
O quê? Maria
Maria tentava planejar uma fuga de sua própria casa alugada
Iria se espremer pela fresta por debaixo da porta
Maria abomina a falsidade das maçanetas
Antes mesmo delas se prontificarem para o serviço de servir
Maria
Teria de ser por debaixo do pano
Para Maria ter a possibilidade de tombar
O que houvesse em cima da mesa

Maria poderia ser padre
E poderia ainda não ser padre
Enquanto Maria acontecia demais
O mundo andava e se perguntava
Sobre a alma de todos os homens
Mas Maria tinha espinhos cravados na sola do pé
E tinha estrelas suspensas sobre sua cabeça
Na altura do céu mais alto
E Maria aprendia a esperar,
Ao lado dos sete anões, branca de neve acordar
Maria aprendia que esperar tem a ver com distrair-se
Aprendia que se Maria fosse mesmo o seu nome
Não deveria mais esperar para dar o passo em direção
Ao pulo absurdo de notar sua família
Como susto de reconhecer seres humanos

Maria supunha que tivesse irmã
E se fosse verdade seu nome poderia ser...
Margarida
E como poderia!
Mas se Maria largasse o mundo para ser demais o que pudesse
Maria seria então somente o que pudesse ser
Seria questão política
E Maria cairia no risco de depredar monumentos
E a Maria vândala seria seu escândalo de tentar

Mas Maria não só não sabia como também não tinha certeza
O sorriso dela
Ah! Maria
Tinha um papo que demorava a chegar assunto
Era profunda demais essa Maria
E não sabia se achava que nunca seria Dona,
Ou se não queria ser tanto Maria
Mas Maria era já um nome falado
Na boca de quem anda descalço
Maria era um nome de verdade
E antes que pudesse dizer o contrário
Maria se apaixonaria de propósito
A propósito: Maria era virgem
Virgem Maria!
E nunca que poderia dividir um sexo
Pois, Maria de tanto sexo chegara ao não sexo
Maria sabia que era tanto homem quanto uma mulher poderia ser

Maria sendo subliminar!

E Maria não sendo

No Maria no cry

Boa noite Maria

E seus sonhos serão
Maria em stand by
Será sonhos de Maria bonita
Sonhos de vida arriscada
Seria tudo que sempre sonhara

"E o meu jardim da vida,
ressecou, morreu"

Marcadores:

19.12.05


Até nas coisas mais reais
ela teima
e nas mais reais
ela queima
como se queimasse
verdadeiramente
mais

- Bensé do Sertão

e ainda dizem que esse não é poeta!