26.6.05

Memórias de um antigo aprendiz...



por Leonardo Assaf Pinheiro

O velho sentado em seu banco, ele sorri para as pessoas
e pergunta com os olhos, " por que voces correm tanto?"
se na verdade quem fecha as portas do dia não são voces,
nem o sol, nem a lua, e muito menos o boteco da esquina...
E o velho espera pelo menos o circo passar, com palhaços soltando bolhas
e sujando as ruas com pipocas para os pombos...
Buzinas? só se forem cornetas de abre alas para anunciar a chegada da banda
marchinhas, marchinhas... chega a moreira cesar o engarrafamento de tambores

O velho acorda, acorda sorrindo, pois tudo isso ja foi verdade
no tempo da mocidade... embaraçosa saudade, embrulhada dentro
do seu coração, no céu da boca empapuçada com bala de coco e pé de muleque
logo agora que tens um lindo netinho, que dia após dia sorri com vitrines de brinquedos
que quebram logo, há ainda a esperança de que usem gravetos fortes para fazerem estilingues...


Léozão (Macabu) é um grande amigo. Quem quiser mais desse pial surpreendente Trem-das-onze

Essa foto aí em cima é uma escultura feita durante a aula por um amigão meu da faculdade, o Rafael. Interessante é que além de não ter nada pra fazer na aula esse cara usou a sua borracha para erguer esta obra.

19.6.05



Um degustador de mundos foi pego de novo
o trancafiaram dentro d'um ovo
Houve uma gritaria e uma correria
ninguém jamais soubera quem houvera posto
o ovo

Houveram poucas razões para voltar a crer
num submerso tribunal com pressões
e risadas ao fundo

Quem é o sócio? Sócio-econômico? Sócio-cultural, sócio-social?
E já são planos, são mantos
Uma batedeira quase tradicional
Brasil
- o saco de gatos
Sem adjetivos no plural

A burocracia num prato de doce desonesto
A gente que zomba sem vergonha

O povo da janela
Dentro dum ovo
Uma gema redonda
Uma casca ovalada
Como se fosse o De Novo


Papéis espessos demais para uma atuação formal
Sem saber ainda onde as falas se encaixam
E muito trabalho pra dizer
Não lembro tudo
não fecho o zíper
Eu toco o mundo do chão do meu apartamento
O mistério de uma tela que é toda azul
Ela é a alma do mundo acontecendo
e ela não é TODA azul

Um cidadão lá embaixo, respeitado
da toca de sua casa
ele tem um cachorro
Mas nunca vira sequer uma aranha mijando

O vento tá borbulhando bem longe
Uma música digital delirante
pra mais uma noite estar feita
às vésperas do tempo
Eu toco o mundo do chão do meu apartamento

O mundo só acaba quanto as TVs dormirem entediadas

Se agente mora na terRA por que agente respira o AR ?



Rubens Costa

Como você já adivinhou caro doutor

Tá só começando mais uma fábula
E bem no fim da lágrima
Um beijo de amor

O que fica pra mim ao longo da caminhada
Um subliminar sinal
Depois que a multidão passar
Ela é o mau

Fui cabeça, tornei-me cabeçudo
Eu viro a fala do mundo
Rasgado, picado e reutilizado
Papel imundo

E já se eu tombar dessa vida de vivo
Minha morte será o mais puro improviso
TV aberta e ao vivo
Serei motivo!

Se no fim fui só um sonhador
Acabei que vivi no sonho
Sem medo ou engano
Viajei risonho