24.10.06


dia a dia, a agonia, hora a hora, minuto a minuto
é esse raciocíno que não pára em nenhum milímetro de tempo
invisível, indivisível, tempo no pensamento
contínuo unguento que não alivia, nunca
da pergunta essencial que não se responde
ou responde e a resposta é vazia

como entender então o tão urgente
senão sentindo a questão correndo
que não pára nem um milímitro
na imaginação pondo em imagens o nada
até novamente chegar ao sentimento vazio
e dessa resposta sair para entendê-lo
mas antes cumprir
o destino fatal de de novo sê-lo
na imaginação pondo em palavras o nada
até novamente chegar ao saber vazio
e dessa questão sair para entendê-lo
mas antes cumprir
o destino fatal de de novo sê-lo

23.10.06

Segredo


É a escolha e a não escolha no limiar de todo direito
Faz renascer das cinzas a esperança na satisfação de cada anseio
É o disfarce do absoluto e a maldição da criatividade
Faz cativeiro do devaneio na ilusão de cada prazer

É a morte do divino e o máximo da exigência
Faz da morte uma verdade no sacrifício de cada mártir
É a benção na ignorância e o oposto do oposto à personalidade
O sonho do artista e a lei sob vontade

Senhora de toda vontade
Preço do homem
Moeda da alma
Liberdade!

- Desejo

A Liberdade - própria vontade?
entre sonhos e despedidas que tem a ver com felicidade?
se as escolhas de nosso juízo são perecíveis e arrependidas
e que a gente nem sabe ao certo o que significa
ou quanto ainda resta
ou se é potencial
beirando nossas arestas

a não escolha é tão obscena, pois afinal
na liberdade mais íntima
alimenta a necessidade humana
de com tudo brincar
e ser o que se quer, o que se deve
antes do destino fatal
que será.

18.10.06

???


Qual nome se dá
a este estado de graça
senão graça? só graça

Não que haja graça
mas tem!
Qual nome se dá?
a esta felicidade mais íntima
que hei de esquecer
se pôr em palavras

Esta realização que dói
de não saber o que se fazer
com ser, com quê?
Alegria que transforma tudo
em alegria

Harmonia por entender
o quê? só saber, só saber
sabedoria que transborda
em sentir
e cobre o quê!
O quê?
Qual nome se dá?
a saber que o destino escolhido
também se impõe?

Já vai passar, já já, eu sei
Ha! se não vai
que eu capturei errado
o que era especial
em palavra usada
que
já ficou banal
já ficou normal

9.10.06

Nem Ira


"E sou assombrada pelos meus fantasmas, pelo que é mítico, fantástico e gigantesco: a vida é sobrenatural. E caminho segurando um gurada-chuva aberto sobre corda tensa. Caminho até o limite do meu sonho grande. Vejo a fúria dos impulsos viscerais: vísceras torturadas me guiam."
Clarice

Não é à toa
que nem pena
produz a gema
sem sal e amarela

nem pena
da Clara
anêmica

que nem raiva
nem dilema
resta da cena

na mente pequena
o efisema
que nem tenho pena

da coisa
que gangrena
sem vida

o tempo que passa
e o que resta
da cena

na novela
a verdade em cena
pontual e romântica

não ludibria

que nem folia
nem folia
nem folia
da graça da cara
de cleópatra
resta

que ou maisvalia
senão ela já morta
mataria aquela
mesma
mas sem força
ou coragem eu diria
abortou de dia
a própria alma
na mais justa e fina
na mais justa mesmo
agonia agonia agonia

pra minha tristeza
vossa intelectualteza
não terá toda entendida
esta risada
mau escrita
sincera
de despedida